domingo, 17 de agosto de 2008

Empreender se aprende na escola


Ana Paula Lacerda

Para empreender, é preciso reunir habilidades pessoais e estudo

Você sonha em ter seu negócio próprio? Ou acha que não nasceu para a coisa? Segundo especialistas, qualquer um pode ser empreendedor. Mas há algumas características - natas ou aprendidas - que podem contribuir, e muito, para que a pessoa se torne um empreendedor de sucesso.

"Os empreendedores tendem a ser pessoas dinâmicas, que gostam de se comunicar e que preferem mudança à rotina," diz o diretor geral do instituto Empreender Endeavor, Paulo Veras. "Uma pessoa que prefira o conforto e a estabilidade tem mais dificuldades em lidar com um negócio próprio."

Ele acredita, porém, que a maior parte da arte de se ter uma empresa pode ser aprendida. "Existe uma parte técnica muito importante que qualquer um pode aprender, se estudar. Controlar fluxo de caixa, lidar com marketing, compras, fornecedores - tudo isso pode ser aprendido. O que muda é a facilidade do estudante em assimilar estes conhecimentos."

ATITUDE
O consultor de orientação empresarial do Sebrae-SP, Renato de Andrade, diz que a parte técnica é importante e pode ser aprendida. A atitude empreendedora, porém, ou "vem de berço" ou a pessoa precisa ter muita vontade para mudar.

"Empreender é realizar visões. Então, é preciso ser curioso, enfrentar riscos, conseguir prever situações, ter metas bem definidas e uma boa rede de relacionamentos", explica Andrade. Ele diz que, num simples jogo de bafo entre crianças, já é possível identificar sinais de empreendedorismo nato. "Quem decide que a figurinha prateada vale três da comum? Ou qual figurinha ele arrisca por uma outra? A criança já está avaliando riscos e valores de mercado."

Veras, do Endeavor, diz que os brasileiros podem ser considerados até mais empreendedores que os empresários de outros países. "No Brasil, a carga tributária e a legislação são muito mais hostis para se montar um negócio do que lá fora, o que exige uma dose extra de determinação e planejamento." E aqueles que se lançam à aventura sem esse planejamento engordam as estatísticas de fracasso: no País, 56% dos negócios fecham antes de completarem 5 anos.

Eduardo Ourivio, um dos sócios-diretores da rede de comida italiana Spoleto, acredita que o Brasil poderia ter muito mais empreendedores se houvesse um estímulo. "Existem ONGs, como a Junior Achievement, e também colégios que levam noções de como montar um negócio aos adolescentes. Convivendo com isso desde cedo, elas se tornam mais aptas a realizar algo quando crescerem."

O Spoleto começou com um quiosque de 12m2 no Rio de Janeiro, há 7 anos, e hoje tem 140 lojas espalhadas pelo País. "Meu pai sempre disse que era preciso sonhar e correr atrás. Com o tempo, vi que ele estava certo e havia mais: precisava procurar pessoas para dividir o sonho, pois com uma pessoa só nenhum negócio cresce. Tive a felicidade de conhecer o Mário Chady e trabalhamos muito bem juntos." Ourivio também alerta que há duas características que o empreendedor deve trazer de casa: "A humildade para reconhecer erros e a perseverança para continuar em frente."

Fonte: O Estado de S. Paulo (01/08/06)

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